MPF acusa ex-servidor dos Correios de falsificar CPFs em Ribeirão Preto

Globo.com
21/05/2013

O Ministério Público Federal acusa um ex-funcionário dos Correios de ter falsificado pelo menos 19 CPFs em Ribeirão Preto (SP). O conjunto de denúncias de falsificação elaboradas pelo procurador da República Uendel Domingues Ugatti foi apresentado até a última terça-feira (14) na 7ª Vara da Justiça Federal de Ribeirão. Os Correios não comentaram o assunto até a publicação desta matéria.

Segundo o procurador, o ex-servidor criou, em 2007, cadastros de pessoas físicas inexistentes e assim permitiu que um grupo com restrições de crédito pudesse abrir crediário no comércio na região. Os 19 beneficiados pagaram de R$ 100 a R$ 150 para obter os documentos, informou Ugatti. “Eram todas pessoas com restrição de cadastro que precisavam de outro CPF para novos crediários”, disse.

O acusado de articular as fraudes preenchia formulários com dados falsos como grafias de nomes, filiação e datas de nascimento e informava dois endereços diferentes – dentre eles o de sua casa – , para receber os novos CPFs em sua residência, segundo o Ministério Público Federal.

O esquema, segundo a procuradoria, foi descoberto por uma funcionária da empresa, o que mais tarde gerou o inquérito instaurado pela Polícia Federal que resultou na denúncia do MPF. “Uma servidora dos Correios percebeu que ele [acusado] ia representar uma série de pessoas diferentes e dava sempre o mesmo endereço para receber os CPFs novos”, afirmou.

Um dos acusados de ter comprado CPFs falsificados realizou 70 compras em estabelecimentos comerciais de Ribeirão, disse o procurador, que alega não ter um valor fechado do prejuízo total sofrido pelas lojas que abriram crediários com os documentos. Apesar da conclusão das investigações, Ugatti acredita que mais pessoas tenham obtido CPFs falsos. “Estes só são a ponta do iceberg. Acho que tem muito mais gente se valendo desse artifício para fugir das restrições. Existem outras pessoas que não foram identificadas.”

O acusado pelas falsificações poderá pegar até nove anos de detenção, segundo o procurador, caso a Justiça o condene. Já as 19 pessoas beneficiadas no esquema, de acordo com ele, poderão ficar presas por até cinco anos, depois de ser proferida a sentença. Todos estão em liberdade, segundo o procurador.

Correios
Em nota, os Correios reforçaram que o acusado não era mais funcionário da empresa quando praticou o suposto crime. A instituição afirmou que ela mesma avisou as autoridades sobre a fraude.

Os Correios também informaram que não realizam a emissão do CPF, apenas recebe as inscrições. A empresa diz que segue todas as orientações do órgão emissor do Cadastro.

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