Inclusão bancária estagna no interior do país


 

Folha.com    
15/04/2013

Canais de atendimento alternativos, como agências bancárias que flutuam em rios e postos de atendimento nos Correios, têm contribuído para a inclusão financeira em regiões do Brasil distantes dos grandes centros.

Mas, apesar do aumento do número absoluto de pessoas com conta em banco, a proporção desse público no país –chamado de bancarizado– está estagnada.

O Ibope aponta que a proporção da população com conta em banco nas regiões Norte e Centro-Oeste não se alterou entre 2009 e 2012, mantendo-se em 57%.

No mesmo período, houve avanços nas regiões Sul (de 52% para 70%), Sudeste (de 50% para 72%) e Nordeste (de 36% para 50%).

A pesquisa demonstra que, no interior do país, os esforços dos bancos têm servido apenas para que a população bancarizada acompanhe o crescimento da população economicamente ativa.

Em 2009, o Bradesco instalou um correspondente bancário em um barco comercial no rio Solimões, no Amazonas. Desde então, captou cerca de 49 mil clientes na região ribeirinha.

“Abrimos 800 contas por mês no barco”, afirma o diretor-executivo do banco, Altair Antônio de Souza.

Em 2011, a Caixa Econômica Federal seguiu a iniciativa com uma agência fluvial na mesma região. Até fevereiro deste ano, alcançou 6,7 mil clientes com o barco.

A grande maioria (4,9 mil) abriu contas-correntes voltadas a quem tem renda de até R$ 2.000 ao mês, sem tarifas de manutenção, de depósitos ou de consulta de saldo.

TRANSFORMAÇÃO

A chegada dos bancos tem transformado a economia dos ribeirinhos.

Em Belém de Solimões, uma das comunidades atendidas pelo Bradesco, Juvenal Ramos Marcos passou a contratar serviços de crédito para diversificar os produtos de sua mercearia.

Aproveitou o incremento da renda de quem não precisa mais gastar até R$ 130 (custos de passagem, alimentação e estadia) para realizar operações bancárias em Tabatinga, a 12 horas de barco da comunidade, e reverte a renda extra para o consumo.

“As pessoas corriam riscos. Qualquer marola no rio poderia colocar a perder os mantimentos trazidos nas canoas. Muitas vezes dormiam nas praças de Tabatinga à espera da abertura dos bancos”, diz o gerente Nézio Vieira.

A população das classes C, D e E, com menor acesso aos serviços financeiros, é o principal alvo dos bancos.

Para o Banco do Brasil, a iniciativa dos bancos postais (que oferecem serviços em agências dos Correios) é uma oportunidade não só de chegar nos pontos onde não possui agências mas também de atingir um público com renda de até R$ 1.500.

“Essas pessoas trabalham o dia inteiro e não têm tempo para ir a uma agência”, diz Simão Kovalski, gerente-executivo do banco, destacando os horários alternativos das agências postais.

Segundo o banco, 2,3 milhões de contas foram abertas pelo modelo em 2012.

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