Funcionários dos Correios ameaçam greve por tempo indeterminado – Veja mais!

Após seis anos, Correios volta ao tradicional endereço
Planeta News
13/09/2016

Após seis anos desativado, o prédio dos Correios, na Praça Rui Barbosa, voltou a ser a sede da empresa em Olímpia. O imóvel, que é de propriedade da própria empresa paraestatal, estava inativo havia seis anos, já bastante deteriorado e este ano passou por reformas e remodelações, sendo entregue à população na manhã de terça-feira passada, 6, em cerimônia simples e rápida que contou com a presença do prefeito Geninho (DEM).

A agência fica mais exatamente no cruzamento da Rua Bernardino de Campos com a Rua Coronel Francisco Nogueira. Além de prestar serviços postais, a agência de Correio – AC Olímpia está apta a suprir a necessidade da população por serviços financeiros através do Banco Postal.

A unidade teve sua área ampliada para 631 metros quadrados, divididos em cinco guichês de atendimento, hall público, área de expedição, vestiário masculino e feminino, tesouraria, sala de entrega interna, sala de arquivo, copa com churrasqueira e área de carga e descarga coberta e climatização. O atendimento ao público é de segunda a sexta-feira, das 9 horas às 17 horas.

Paulo Henrique, gerente da agência local, disse no ato da inauguração estar muito feliz com a inauguração do prédio tradicional, que foi dotado de uma equipe totalmente preparada para atender os clientes, numa agência climatizada e ampla.

Já Mauricio Prado, diretor regional São Paulo-Interior, disse que os Correios tem um importante compromisso histórico de entregar soluções, por ser uma organização que sempre soube adaptar as exigências de cada momento para estar cada vez mais presente na vida do cidadão brasileiro. “Por isso, os Correios são historicamente conhecidos. É uma das melhores empresas de postagens do mundo. Assumimos também uma nova emissão, fornecer soluções acessíveis e confiáveis, com objetivo de conectar pessoas, instituições e negócios em todo mundo”.

 

“A reinauguração desta unidade hoje nos dá a certeza de que estamos cumprindo a nossa missão. Essa agência segue o maior padrão de qualidade dos Correios, para oferecer melhores condições de trabalho aos seus empregados e atender às necessidades da população de Olímpia, com a eficiência que nossos clientes merecem”, completou. De acordo com Prado, foram investidos mais de R$ 1 milhão na recuperação do prédio.

 

O prefeito Geninho (DEM) por sua vez, disse ser “motivo de muita alegria” termos novamente a agência dos Correios atendendo em seu prédio tradicional, após tantos anos e tantas diligências feitas em Brasília para que isso fosse possível. “Olímpia é uma cidade que merece uma agência moderna, porque é uma cidade moderna”, disse. Eu concordo com o Mauricio (Prado), a marca Correios é sinônimo de garantia de que as coisas vão chegar”, complementa.

 

O presidente dos Correios Guilherme Campos, de acordo com o prefeito, tem família em Olímpia, e seria sobrinho de Valentina Toazza. “Esta é mais uma obra que deixa o nosso centro mais bonito, com esse modelo moderno, para dar toda a atenção necessária e a qualidade que a população merece”, finalizou.

 

Funcionários dos Correios ameaçam greve por tempo indeterminado a partir do dia 15
Redação ND, Florianópolis
12/09/2016

De acordo com o Sintect-SC (Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina), o estado de greve foi aprovado pela categoria há duas semanas em assembleias realizadas em 35 centrais sindicais de todo o país, inclusive na Grande Florianópolis.

 

A reivindicação dos trabalhadores é de 15% de reajuste salarial e dos benefícios, com ganho real mais a inflação do período, enquanto que a proposta da empresa é de 9% de aumento, com pagamento dividido em duas partes (6% retroativo a agosto de 2016 e 3% em fevereiro de 2017). Para os benefícios, a proposta da empresa é de 8,74%.

 

Os trabalhadores também pedem mais segurança nas agências e são contra a cobrança de percentual sobre o plano de saúde, até então oferecido de maneira integral. Eles alegam que, com a cobrança, o plano deixa de ter sua característica social.

 

Conforme o sindicato, os trabalhadores estão receosos quanto à alteração na administração da empresa, que passou de estatal para sociedade anônima. Com isso, parte dos serviços pode ser encaminhada ao setor privado, o que coloca em risco postos de trabalho dos funcionários, além da qualidade dos serviços prestados.

 

A assembleia que definirá os rumos da greve será realizada na quarta-feira (14), às 22h, nas centrais sindicais de todo o país. Se aprovada, a paralisação dos funcionários começa já no dia seguinte, quinta-feira.

 

Déficit dos fundos de pensão cresceu 9% no 1º semestre, a R$ 84 bi

 

O Globo
12/09/2016

 

FLORIANÓPOLIS – Apesar da melhora da Bolsa e da redução dos juros futuros no ano, o déficit acumulado pela indústria brasileira de fundos de pensão subiu 9,1% no primeiro semestre deste ano. A soma dos rombos das entidades deficitárias subiu de R$ 77 bilhões para R$ 84 bilhões entre dezembro e junho, informou nesta segunda-feira a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
A rentabilidade da indústria como um todo também ficou aquém do esperado, registrando 8,44% no ano, contra a Taxa de Juros Padrão (TJP, meta padrão do setor) de 8,5% A soma dos resultados de fundos com superávit, porém, também cresceu no semestre, de R$ 14 bilhões para R$ 17 bilhões (21% de alta). O patrimônio investido por esses fundos avançou, por sua vez, 6,2%, subindo de R$ 718 bilhões para R$ 763 bilhões.

 

— A rentabilidade dos planos de benefício definido (modelo antigo dos fundos de pensão, pelo qual o participante sabia desde o princípio quanto receberia na aposentadoria) foi um pouco abaixo da Taxa Padrão. Essa foi a principal razão para o crescimento do déficit neste semestre — afirmou José Ribeiro Pena Neto, diretor-presidente da Abrapp.

 

Os planos de benefício definido tiveram rentabilidade de 8,28% no ano, abaixo da média da indústria e, logo, da meta do sistema. De acordo com Pena Neto, a razão disso é a forma como sua rentabilidade é monitorada.

 

— Os outros modelos de plano, como o de contribuição definida, tiveram rentabilidade melhor. Podemos supor que isso ocorreu porque eles são marcados a mercado (método pelo qual o valor dos ativos é constantemente reajustado pelas condições correntes no mercado financeiro). Com a queda das taxas de juros no primeiro semestres, houve aumento no valor dos ativos neste semestre. Isso não ocorre com os fundos BD, que são marcados na curva (critério contábil que visa à rentabilidade de longo prazo desconsiderando a volatilidade dos preços dos títulos pelo caminho) e, dessa forma, não usufruem dessa melhora com a queda das taxas de juros — explicou.

 

Em 2015, 92 fundos de pensão encerraram o ano com déficit. No ano anterior, embora mais fundos tenham registrado rombo (95), o déficit somado foi de R$ 31,4 bilhões. O rombo de 2015, de R$ 77 bilhões, sozinho, maior do que todos os déficits acumulados entre 2010 e 2014. Enquanto o volume de déficits deu em salto de 144% em 2015, o de superávits caiu à metade, de R$ 27,6 bilhões para R$ 13,9 bilhões.

 

A maior parte do déficit de 2015 se concentrou nos grandes fundos de pensão estatais. Funcef (Caixa Econômica Federal), Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios) tiveram perdas de R$ 53,1 bilhões no ano passado. São justamente esses fundos que são alvo da Operação Greenfield, da Polícia Federal. A Petros teve déficit acumulado de R$ 23,1 bilhões em 2015, dos quais R$ 22,6 bilhões apenas no plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP, principal plano da estatal). Na Funcef, 2015 trouxe uma perda de R$ 8,07 bilhões. A Previ, por sua vez, apresentou déficit de R$ 16,1 bilhões. No Postalis, o déficit acumulado era de R$ 1,5 bilhão em 2015.

 

Na segunda-feira da semana passada, a Polícia Federal (PF) prendeu dois atuais diretores e dois ex-presidentes da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa. E levou de forma coercitiva para depor os empresários Wesley Batista, um dos donos do Grupo J&F Investimentos; Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS; e mais 26 grandes empresários e executivos. No total, são 40 pessoas investigadas na chamada Operação Greenfield, que investiga fraudes em Funcef, Previ, Petros e Postalis. A investigação analisou supostas irregularidades em dez investimentos feitos por esses fundos, a maioria por meio de Fundos de Investimento em Participações (FIP).

 

Através desses veículos, os fundos de pensão aplicaram em empresas como Gradiente e Sete Brasil e se associaram a projetos de firmas como OAS e Engevix. Segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a PF, esses dez casos resultaram em perdas de R$ 8 bilhões.

 

Mas Pena Neto destacou que, em 15 anos, a rentabilidade acumulada pela indústria de fundos de pensão é de 635%, acima da TJP de 515%. Para este ano, apesar do crescimento do défict, a expectativa da Abrapp é que a indústria bata a meta pela primeira vez desde 2013. A meta é de 15,19%. A Abrapp elaborou três cenários, que variam apenas pelo resultado da Bolsa no ano.

 

Se a Bovespa tiver 36,3% de alta no ano (nível próximo do resultado até agora), a rentabilidade dos fundos de pensão ficará em 19,34%. Em cenário de rentabilidade de 18,5% da Bolsa, a indústria vai render 16,14%. Nesses dois cenários, segundo Pena Neto, haveria redução do déficit. A projeção mais pessimista é de uma Bolsa rendendo apenas 0,75% no ano, no qual a rentabilidade projetada dos fundos ficaria em 12,93% — abaixo da média —, o que aumentaria o déficit.

 

Segundo os números das fundações, a rentabilidade tem se recuperado este ano. A principal razão é o desempenho das ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Na Previ, o Plano 1 — o maior do país, com R$ 159,6 bilhões em investimentos — obteve rentabilidade de 11,03% até julho, acima da meta atuarial de 8,82%. Praticamente 46% da carteira do Plano 1 está em renda variável, sendo mais de 30% dessa participação em ações da Vale.

 

— Temos certeza de que os desvios de conduta que possam ter havido foram pontos absolutamente fora da curva. Esse não é o padrão da indústria de previdência complementar. Esse ponto incomoda muito o gerente de fundo de pensão médio. Quando se fala que é mal gerido, parece que todo fundo de pensão é assim. O lado positivo é que, ao se apurar e punir os culpados, não fique a impressão de que trata-se de algo generalizado — afirmou Pena Neto. — A previdência complementar como um todo não é problema, ela é parte da solução. Ela é o grande veículo de formação de poupança sustentável.

 

AUTORREGULAÇÃO E GOVERNANÇA

A Abrapp vai lançar no seu congresso anual, que acontece em Florianópolis até quarta-feira, um código de autorregulação de governança de investimento. O texto é de adesão voluntária e não prevê sanções. Mas aderentes que seguirem as regras vão receber um selo da Abrapp.

 

— Não temos poder de punir as entidades. O que propomos é uma adesão voluntária, nenhum fundo é obrigado a aderir. Mas quando ele adere, ele tem que se comprometer a cumprir. Esse trabalho teve, inclusive, a contribuição da Previc.

 

Pena Neto acredita que “acontecimentos como esses mais recentes reiteram a importância da prudência” na política de investimentos de fundos de pensão. Mas ele ponderou que a mudança por que passa a economia brasileira, como tendência de redução de juros, a expectativa é de que a indústria tome mais risco, inclusive por meio de investimentos estruturados, que foram o foco da Greenfield.

 

— Em função da mudança do patamar dos juros, não tem saída, vamos ter que investir na economia real — acrescentou, dizendo que já há títulos públicos pagando menos que a meta do setor.

 

Longevidade e crise causam rombos, dizem gestores de fundos de pensão

FOLHA DE S. PAULO
12/9/2016

 

Os fundos de pensão estatais reagiram às suspeitas de corrupção, que estão sob a investigação da Operação Greenfield, da Polícia Federal, justificando que seus deficit atuariais foram causados principalmente pela maior longevidade da população, em desempenhos negativos da Bolsa e também em ajustes de regras.

 

Entre 2011 e 2015, a Bolsa brasileira acumulou perda de quase 40%, e a alta da taxa de juros desvalorizou papéis de renda fixa, ajudando a elevar o rombo, de acordo com os gestores.

 

“O deficit faz parte da gestão de fundo previdenciário. O ideal é ser equilibrado, nem superavitário nem deficitário”, afirma o presidente da Abrapp (associação dos fundos de pensão), José Ribeiro Pena Neto.

 

A PF investiga a compra de cotas em FIPs (Fundos de Investimento em Participações) para corrupção. Os negócios que recebiam investimentos via FIPs seriam avaliados a preço elevados, levando os fundos a perdas mesmo que o resultado final fosse positivo. Os quatro fundos de pensão de empresas estatais têm investimentos suspeitos.

“Os FIPs são investimentos na economia real. Tem que separar o que é risco, gestão temerária -se descumpriu regra de prudência ou legislação- e fraude. Este tem de ser punido exemplarmente”, diz Pena Neto.

 

A Anapar (associação dos participantes dos fundos) também afirma que nem tudo é corrupção.

 

“Continuamos na defesa do sistema e dos interesses dos participantes, mas devemos saber separar o que é gestão temerária e o que é resultado conjuntural”, afirmou Cláudia Ricaldoni, vice-presidente da entidade em comunicado.

 

Procurados, os fundos Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios) justificaram brevemente, por meio de notas, a origem de seus rombos. Eles atribuem os problemas à conjuntura econômica, a ajustes de regras e à necessidade de provisionar perdas de investimentos, inclusive os investigados pela Operação Greenfield da PF.

 

José Roberto Ferreira Savoia, professor associado da FEA-USP, é mais crítico. “O relatório da CPI dos fundos de pensão diz que, de cada 10 operações, 8 foram feitas para dar errado.”

 

O caso que chama mais a atenção é o da Sete Brasil, que atualmente passa por uma recuperação judicial.

 

A empresa foi criada para construir sondas de exploração de petróleo no pré-sal para a Petrobras.

 

O que causa o deficit

 

Envelhecimento da população
As pessoas vivem mais e recebem aposentadoria por um tempo maior. No caso dos planos de benefício

 

POSTALIS
definido, se a longevidade dos participantes não estiver bem estimada, pode levar a um deficit Má gestão dos investimentos.

 

Os calculos de valor de contribuição e benefício futuro consideram a rentabilidade do valor investido. Se o gestor do fundo tomar decisões que não permitem atingir o rendimento esperado, há deficit.

 

Investimentos na economia real malfeitos
Aplicações dos fundos de pensão em FIPs (Fundos de Investimento em Participações) hoje trazem perdas pelo risco do investimento, por gestão temerária ou fraude.

 

Fraude em fundos de pensão já é paga por servidores

 

FOLHA DE S. PAULO
12/9/2016

 

A conta dos casos de suspeita de corrupção e má gestão nos fundos de pensão estatais Previ (de trabalhadores do Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios) já é paga por parte dos servidores.

 

A suspeita é de fraudes de R$ 8 bilhões de um deficit calculado de R$ 50 bilhões.
Há perdas, no entanto, que só serão conhecidas pelos trabalhadores na hora em que forem receber sua aposentadorias complementares.

 

Hoje, são afetados os trabalhadores dos planos de benefício definido, mais antigos. Nessa modalidade, o trabalhador sabe desde a entrada no programa quanto receberá por mês ao se aposentar. Se há deficit, ele e a empresa precisam fazer aportes para cobrir o rombo.

 

Nos planos novos, a regra é diferente, mas pode significar benefício menor que o esperado ou necessidade de pagar quando se esperava receber o dinheiro de volta.

 

O plano do Postalis já está sendo coberto com duas rodadas de recurso extra -aposentados chegam a pagar 14% do benefício. Funcef e Petros fizeram propostas para cobrir o deficit. A Previ espera o resultado do ano para resolver como equacionar o problema.

 

“Esse plano produz um risco maior para a empresa que patrocina porque tem que produzir volume de recursos suficiente para benefício predefinido [ou haverá aportes extras]. No Brasil, começou a ser abandonado há 15, 20 anos”, diz José Roberto Savoia, professor da FEA-USP.

 

A modalidade de benefício definido deu lugar a planos de contribuição variável.

Nesse tipo, o deficit só existe após a aposentadoria. Enquanto o trabalhador faz contribuições, não sabe quanto receberá no futuro. Ao se aposentar, é feito o cálculo com base no dinheiro acumulado. Se vive mais ou o recurso ainda guardado rende menos, é preciso cobrir o rombo.

 

Há uma terceira modalidade, mais semelhante à previdência privada tradicional. O participante faz contribuições e receberá o equivalente ao que poupou mais o rendimento. Se render menos que o esperado, terá menos recursos para viver a velhice.

Nas últimas duas opções de plano, o impacto de má gestão ou corrupção ainda não aparece nem é medido.

 

Poucos trabalhadores chegaram à idade de se aposentar e não há uma meta de rendimento do dinheiro acumulado, diz Savoia.

 

“O gestor pode dizer que busca rendimento de inflação mais 5% ao ano. Se ele não alcança, não há deficit.

 

Mas o valor do benefício a ser apurado será menor porque o montante de recursos ficou menor”, exemplifica.

 

Operação Greenfield dispensou interceptações telefonicas

 

Coluna do Estadão
12 Setembro 2016

 

A Operação Greenfield não usou interceptações telefônicas. Os investigadores contam com material recolhido nas buscas e apreensões para trazer informações armazenadas em celulares e computadores pelos alvos.

 

O foco da operação é um esquema de corrupção envolvendo os quatro maiores fundos de pensão estatais do País – Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e Previ (Banco do Brasil), que fizeram investimentos direcionados que causaram prejuízos aos servidores públicos.

 

Como a operação abrange um longo período, as interceptações se tornaram inviáveis. (Andreza Matais)

 

Funcionários dos Correios rejeitam propostas e votam por indicativo de greve a partir do dia 14 

 

Jornal DIa Dia
11 de setembro de 2016

 

Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de Mato Grosso Sul, reunidos em assembleia nesta quinta, 8 de setembro, rejeitaram por unanimidade a proposta da empresa de reajuste salarial de 6,74% e diminuição dos benefícios. Deliberaram, também por unanimidade, pelo indicativo de greve a partir do dia 14.

 

O diretor de do Sintect-MS , Wilton dos Santos Lopes, fez uma explanação sobre os principais assuntos tratados nas negociações. Destacou a intransigência do novo presidente da empresa e apontou os principais retrocessos contidos na proposta da ECT que, além de impor arrocho salarial, ataca os benefícios vale-alimentação, auxílio-creche e extingue o vale-peru (talão extra do vale-alimentação de dezembro) e também o vale-cultura. Wilton mostrou a contradição da empresa quando afirma não ter recursos, mas aumenta o salário do presidente, cria cargos com altos salários no Postal Saúde e tem gastos enormes com patrocínios.

 

A presidente do Sintect-MS, Elaine Oliveira, também defendeu a rejeição da proposta e o indicativo de greve afirmando que está sendo unânime a rejeição da proposta nos estados. “Ainda teremos alguma negociação até o dia 14. Mas se continuar com essa proposta a greve vai acontecer em nível nacional.”

 

A próxima assembléia acontecerá no dia 14, no sindicato da construção civil, na Rua Maracaju.

 

Fundos de pensão contrariam práticas de 

mercado nos aportes em empresas

 

O ESTADO DE S. PAULO
10/9/2016

 

Segundo estudo do Insper e cinco gestores ouvidos pelo ‘Estado’, fundos investiram dinheiro demais em uma empresa só, escolheram gestores sem experiência e deixaram influência política pautar decisões ao aplicar dinheiro dos pensionistas

 

Os fundos de pensão quebraram as principais práticas de mercado na hora de investir o dinheiro de seus pensionistas em private equity (compra de participações em empresas). A avaliação consta em estudo sobre o investimento em private equity de 45 fundos, elaborado pela escola de negócios Insper, e foi corroborada por cinco gestores do setor consultados pelo ‘Estado’.

 

Realizado em parceria com a Spectra Investments e concluído no início deste ano, o estudo mostra que os fundos de pensão – e em especial os do setor público, como Petros (Petrobrás), Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Postalis (Correios), citados na Operação Greenfield – ignoraram o que “é benchmark (referência) internacional na gestão de private equity”, diz a professora responsável pelo levantamento, Andréa Minardi, pesquisadora do Centro de Estudos de Finanças do Insper.

 

Entre as divergências de estratégia entre os tradicionais gestores globais e os fundos de pensão do Brasil, o estudo cita a concentração do capital em fundos monoativos – que investem em um só negócio. Esses veículos de investimento foram criados para aplicar dinheiro em empresas como Sete Brasil (fabricante de sondas para a Petrobrás, que viu todo seu capital virar pó), Eldorado (indústria de celulose da holding J&F, dona do JBS) e ATG (projeto de bolsa de valores para rivalizar com a BM&FBovespa, que ainda não
começou a operar).

 

Uma fonte próxima a um grande fundo de pensão do País disse que o investimento na Sete Brasil foi feito no auge do pré-sal, com apoio de grandes investidores, incluindo bancos privados, que acreditavam no potencial do negócio. “Olhando em retrospecto, ninguém poderia imaginar o esquema de corrupção por trás disso”, frisou. Em outros casos de aportes, ele reconheceu que as decisões foram mais políticas do que estratégicas.

 

Um gestor de fundo internacional, no entanto, disse que um profissional experiente apontaria diversas “luzes amarelas” relativas à construção de sonada para a Petrobras. “A Sete Brasil era uma empresa iniciante, que teria um só cliente, para fazer um produto que nunca havia sido fabricado no País antes”, explicou. “Os perigos eram óbvios, tanto que nenhum fundo estrangeiro entrou na operação.”

 

Na maior parte das vezes, o investimento em private equity é feito em uma empresa com vários anos de mercado, e não em negócios “nascentes”, como Sete Brasil e ATG.

 

A professora do Insper lembra que, ao investir em startups, a praxe é o fomento a um número razoável de empresas, com valores pequenos aplicados em cada uma delas. “O ganho em um negócio pode, assim, compensar perdas em outros.” No caso dos fundos brasileiros, apenas o investimento na Sete Brasil contabilizou bilhões de reais. “A decisão de investimento de parte desses fundos não tinha perfil profissional”, disse outro grande gestor.

 

O estudo da Insper também mostra que os fundos de pensão tendem a alocar uma grande proporção dos recursos em setores específicos. Quase a metade (49%) dos investimentos em private equity dessas entidades se concentrou em infraestrutura. Entre os fundos de pensão brasileiros, mas do setor privado, a concentração neste setor cai para 30%; no exterior, respondem por 8% do total.

 

Gestão. Outra decisão questionável dos fundos de pensão foi a contratação de gestores pouco experientes para gerir os aportes em private equity. O estudo do Insper mostra que, em 84% dos casos, os investimentos ficaram a cargo de empresas com pouca tradição. “E isso considerando que o critério não é muito rigoroso neste sentido”, disse Andrea.

 

O valor cobrado por essas gestoras ficava muito abaixo do mínimo que o mercado considera razoável no setor, que é de 0,5% ao ano. O gestor de um fundo de private equity disse que, no Brasil, os fundos de pensão assumem a responsabilidade pelo investimento. “Por isso, não há muito critério na seleção dos gestores”, afirmou.

 

Em linha com o que apontam o estudo do Insper e os profissionais de mercado, relatório divulgado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público nesta semana mostrou que, em alguns casos, empresas fizeram avaliações conservadoras sobre ativos em que os fundos de pensão pretendiam investir. As recomendações, no entanto, acabaram ignoradas.

 

Questionados sobre as críticas às suas teses de investimento, Funcef e Petros não responderam até o fechamento da edição. A Previ informou, por meio da assessoria, que não comentaria. O fundo Postalis disse não ter ativos no setor de óleo e gás e que faz uso de “quase todos os produtos disponíveis no mercado”.

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