Funcionário dos Correios acusado de fraudar internação nega acusações

Extra
24/03/2014

 

O mês de agosto de 2013 foi assombrado na UTI de um hospital privado da Zona Sul do Rio. A unidade de saúde, que não teve o nome revelado para não atrapalhar as investigações da Polícia Federal, recebeu naquele período três pacientes-fantasmas. Todos usuários do plano de saúde do Correios. O valor cobrado da estatal por essas internações que nunca existiram chega a R$ 152.700. 

 

Na última fraude, detectada na semana passada, uma guia de internação da mãe de um funcionário da estatal traz o valor de R$ 70 mil. O documento foi faturado em setembro do ano passado, mas não teria chegado a ser pago pelo Correios. No prontuário falso, consta que a mãe do funcionário Amilton Oliveira da Silva, de 44 anos, teria ficado internada de 8 de agosto a 15 de setembro, vítima de infecção urinária e insuficiência respiratória. 

 

Amilton é chefe da Centro de Entrega de Encomendas de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na semana passada, ele e a mãe estiveram no Núcleo de Repressão a Crimes Postais, da PF, para prestarem esclarecimentos. Ele foi indiciado por peculato — quando o funcionário público se apropria ou desvia dinheiro ou qualquer outro bem de que tem a posse em razão do cargo — e associação para o crime, na forma de tentativa (quando o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente). As penas variam de três a 15 anos de prisão, além de multa. 

Amilton seria amigo do ex-assessor técnico na direção regional do Correios no Rio, João Maurício Gomes da Silva, indiciado por peculato em outubro passado. O ex-carteiro e sindicalista, conhecido como Janjão, foi exonerado do cargo após investigações apontarem que ele teria fraudado o plano de saúde do Correios com uma internação falsa de sua mulher, Thaisa Guedes, de 33 anos, entre julho e agosto de 2013. Na guia de cobrança, o valor é de R$ 53 mil. 

 

Em conversa com o EXTRA, Amilton se defende. 

 

— Nenhuma guia que me apresentaram na Polícia Federal tinha a minha assinatura ou da minha mãe. Isso é uma tentativa de fraude usando indevidamente nossos nomes. Já contratei advogado — afirma. 

 

Amilton admite conhecer João Maurício: 

 

— Somos apenas colegas de trabalho e de partido. 

 

Na semana passada, outra pessoa que também seria amiga de Janjão foi indiciada pela PF após a descoberta de uma internação fraudada. Como o EXTRA revelou na última quinta-feira, o gerente da agência do Correios da Barra, Fabio Póvoa, é suspeito de peculato, associação para o crime e estelionato, depois que a polícia descobriu um prontuário falso referente a uma internação, entre 9 e 22 de agosto do ano passado, que nunca existiu e que custou aos cofres públicos R$ 29.700. 

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