Comércio eletrônico intensifica volume de entregas de fim de ano

Valor Econômico
18/12/2013


Nadir Moreno, presidente da americana United Parcel Service (UPS) no Brasil, não hesita em demonstrar a satisfação da empresa, considerada a maior do mundo no setor de entregas, com suas operações dentro do país. “Nosso crescimento tem sido na casa dos dois dígitos”, diz ela, sem revelar detalhes, já que a empresa não abre seus dados locais. De forma global, o lucro no último trimestre da companhia fundada em Atlanta há pouco mais de um século foi de US$ 1,1 bilhão ante os US$ 460 milhões do mesmo período do ano passado.


De acordo com a executiva, os setores farmacêutico, automotivo e de tecnologia são responsáveis pelo bom desempenho brasileiro. Mas é para a área das pequenas e médias empresas, cuja sigla PMEs se tornou conhecida no mercado, que a presidente espicha os olhos. Ela afirma que “o setor é de extrema importância nos negócios” da companhia que movimentou 4 bilhões de entregas totais no ano passado. A presidente não revela números, mas informa que as PMEs representam 55% da receita da companhia americana no Brasil e 95% da carteira de clientes.


A atenção voltada para empresas desse porte, segundo ela, se baseia na importância para a economia do país – respondem por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) – e na dificuldade que elas têm para importar e exportar produtos. Por isso a UPS criou um programa para as pequenas e médias empresas com as quais trabalha, que consiste na orientação de trâmites burocráticos (documentação e embalagem apropriada), assessoria para o cliente iniciar suas operações no comércio internacional e um pacote para o envio de amostras dos produtos ao exterior, que inclui coleta, envio, recolhimento e retorno da mercadoria por uma mesma tarifa de frete.


Esse programa foi desenvolvido por meio de uma pesquisa com 800 executivos que a multinacional encomendou para a América Latina no primeiro semestre do ano. O estudo apontou que a busca por fornecedores e processos aduaneiros eficientes para exportação e importação são as principais barreiras para a expansão de PMEs latino-americanas. O Brasil e a Argentina foram os países que mais demonstraram pessimismo em relação às perspectivas para o comércio internacional. “Diagnosticado o problema, fica mais fácil apresentar caminhos para a solução”, diz Nadir Moreno.


Para o fim do ano, a empresa espera que o maior número de vendas on-line aumente em 8% o volume diário de entregas nos 220 países onde atua. No Brasil, a companhia americana opera com oito voos por semana por meio de duas aeronaves versão cargueira. A frota total é composta por 530 aviões.


Nos meses que antecedem as festas de fim de ano, os Correios, empresa centenária e pertencente à União, se preparam para um aumento de 65% no volume de entregas. Conforme o presidente Wagner Pinheiro de Oliveira, as compras feitas por internet podem ser apontadas como responsáveis por esse acréscimo. E 20% dele são provenientes das pequenas e médias empresas. Segundo ele, os Correios sempre adotaram a política de facilitar a atuação dessas empresas em todo o país. Ele cita como exemplo os serviços de encomendas a partir de R$ 100 e o programa Exporta Fácil, cuja meta é simplificar o processo aduaneiro para o envio de produtos para mais de 200 países.


Na avaliação do presidente, a empresa não tem nada a perder para outras companhias particulares. “Somos os únicos a atuar em todos os municípios do Brasil”, diz. Wagner Pinheiro de Oliveira cita a pesquisa realizada pela consultoria mundial Accenture para mostrar a importância da estatal nesse cenário. “Ela coloca os Correios entre os dez melhores operadores postais do mundo”, informa. Oliveira afirma que o volume de investimentos em 2013 chegará em 70% do orçamento planejado até o fim do ano. No ano passado, o lucro líquido da empresa foi de R$ 1, 044 bilhão.


No futuro, a DHL pretende retomar o programa específico implantado para as PMEs que encontravam, ali, o passo a passo para enviar e receber produtos do exterior. Segundo Mirele Griesus Mautschke, diretora de operações da DHL Express Brasil, ele só foi interrompido por conta do fim da parceria com o Banco do Brasil que durou um ano. “Mas temos ciência da importância de conectar consumidores, pequenas e médias brasileiras com o mundo”, diz.


Considerada uma das maiores empresas de courier do mundo, a DHL se prepara para um incremento de 5% de entrega de mercadoria dentro do Brasil por conta das vendas on-line no fim de ano. O percentual corresponde às expectativas da empresa para 2013, apesar das manifestações e gargalos logísticos com o país em obras em razão da Copa do Mundo no ano que vem. A companhia alemã, cujo faturamento global foi de € 13,4 bilhões no ano passado, atua em 220 países.


Em 2012, a gigante alemã investiu US$ 662,9 milhões na América Latina, região que registrou receita de 1,3 bilhão de euros e na qual o Brasil é protagonista, com uma carteira de mais de 23,4 mil clientes.


O potencial do mercado brasileiro faz parte das estratégias da FedEx – gigantesca organização com mais de 300 mil funcionários, quase 700 aviões próprios e receita de US$ 45 bilhões anuais – para 2014. A meta da empresa americana é concorrer com o Sedex, dos Correios, principalmente na entrega de encomendas acima de 2 kg, que atende a necessidade para empresas enviarem encomendas aos seus clientes.


Para por seu plano em prática, a americana comprou em julho do ano passado a pernambucana Rapidão Cometa, considerada a segunda maior aquisição da história da companhia. Por ora, a Fedex ainda está implantando na Rapidão seus sistemas, processos e tecnologias. A partir do ano que vem, a marca da empresa americana estará estampada em caminhões, uniformes de entregadores e centros de distribuição de todo o Brasil.


Para o fim desse ano, a empresa informa, por intermédio de sua assessoria, que transportou 85 milhões de pacotes ao redor do mundo na primeira semana de dezembro – considerada a mais movimentada do ano.

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