Caixa lidera a conquista de contas

 

Caixa lidera expansão de contas correntes

Valor Econômico
20/03/2013

Reduzir os juros em várias linhas de crédito foi a estratégia decisiva para que a Caixa Econômica Federal vencesse no ano passado a corrida por novos clientes. O banco estatal registrou a abertura de 3,45 milhões de contas correntes, com um crescimento de 18%, a mais rápida expansão entre as cinco maiores instituições financeiras do país. Banco do Brasil e Itaú Unibanco vêm a seguir, com o acréscimo de 2,66 milhões e 2,57 milhões de contas.

O ingresso de novos correntistas na Caixa se acentuou após abril, quando o banco cortou os juros dos empréstimos pessoais, financiamento a veículos, cartão de crédito, consignado e outras linhas, diz Katia Maria Loureiro Torres, superintendente de clientes da Caixa. Para ter acesso ao custo reduzido do crédito, os clientes precisam transferir suas contas-salário para a Caixa, por isso o banco foi beneficiado pela portabilidade, usada por 480 mil pessoas.

Se a atriz Camila Pitanga recebesse bônus pela quantidade de negócios gerados pelas propagandas que faz, certamente teria conseguido um polpudo cachê extra da Caixa Econômica Federal no ano passado. Estrelados por ela, os anúncios na televisão para propagar a redução de juros das operações de crédito ajudaram o banco estatal a ter um crescimento de 18% no número de contas correntes, a maior expansão alcançada entre as cinco maiores instituições financeiras do país. Tanto em termos percentuais como em números absolutos.

A Caixa contabilizou a abertura de 3,45 milhões contas em 2012, encerrando o ano passado com 22,5 milhões delas. Segundo Katia Maria Loureiro Torres, superintendente de clientes da Caixa, o ritmo de abertura se acentuou depois de abril, quando o banco reduziu as taxas de juros de várias linhas de crédito, como consignado e veículos.

Como para ter acesso ao custo reduzido do crédito os clientes precisam, em alguns casos, transferir suas contas-salário para a Caixa, o banco acabou faturando em correntistas. Cerca de 480 mil pessoas fizeram a portabilidade.

Levantamento feito pelo Valor leva em consideração critérios adotados pelo Banco Central, que contabiliza a quantidade de contas em um banco, independentemente de uma mesma pessoa ter mais de uma conta. Depósitos que não estão sendo movimentados também entram no cálculo. Cada um à sua maneira, os bancos costumam trabalhar esses números para apresentá-los no balanço. Alguns excluem, por exemplo, duplicidade de CPFs (Bradesco) ou contas de depósitos judiciais (BB). Por ambas as metodologias, porém, o ranking de contas dos bancos se mantém inalterado. (ver tabela)

O Banco do Brasil (BB), que também foi à TV com o ator Reynaldo Gianecchini, acabou 2012 com uma expansão mais modesta de contas em termos percentuais, de 6,38%, na quarta posição. Mas, em termos absolutos, o BB registrou o segundo maior crescimento de base. Entre aberturas e fechamentos de contas, conquistou 2,66 milhões em 2012, alcançando 44,3 milhões de novas contas correntes.

Simão Kovalski, gerente-executivo de clientes do BB, diz que o banco preferiu vender produtos e serviços para os correntistas que já tinha dentro de casa, em vez de partir para a conquista de uma nova clientela. “Ativamos 9,5 milhões de correntistas que estavam na base, mas que não trabalhavam com o banco”, afirma. “No ano passado, esses clientes consumiram em média dois produtos do banco.”

Em sua maioria, foram essas pessoas que já estavam no cadastro do BB que sustentaram a expansão de 24,3% que a carteira de crédito do banco teve no ano passado. As modalidades mais consumidas foram o cartão de crédito, o financiamento de veículos e o crédito consignado.

Com o Banco Postal, rede de correspondentes bancários dentro das agências dos Correios, o Banco do Brasil conquistou 600 mil novos correntistas em 2012. Até o fim de 2011, o contrato do Banco Postal, que dá acesso aos bancos a mais de 6 mil pontos, pertencia ao Bradesco.

Proporcionalmente ao tamanho da base de clientes anterior, o segundo banco que mais conquistou clientes foi o Santander. O banco terminou 2012 com 20,8 milhões de contas correntes em um ano marcado por recorrentes boatos, desmentidos pela instituição, de que deixaria de operar no país. Registrou um crescimento de 7,6% em contas em 2012 ante 2011.

Segundo Luís Felix Cardamone Neto, vice-presidente do Santander, boa parte dessa expansão se deve às contas abertas por empresas. Por meio de uma “joint venture” com a gaúcha GetNet, o Santander vem ganhando espaço no mercado de adquirência de cartões de crédito, principalmente entre pequenos e médios lojistas.

É um território quase que 100% dominado por Cielo e Redecard, mas que o Santander começa a adentrar. Além de prestar o serviço de credenciamento dos lojistas, o banco oferece aos comerciantes a chamada “conta integrada”, que traz outros serviços, como adiantamento de recebíveis. Daí a expansão em contas.

Atrás do Santander, na quarta posição do ranking, vem o Itaú, que teve um crescimento de 6,91%, para 39,6 milhões. Assim como o BB, o banco é penalizado em termos percentuais pelo fato de já ter uma maior base de clientes. Em números absolutos, o Itaú abriu 2,57 milhões de contas, na terceira posição. O banco não concedeu entrevista.

O Bradesco, que terminou 2011 com a abertura de mil novas agências para fazer frente ao fim do contrato do Banco Postal, viu o número de contas correntes crescer 4,52% em 2012, para 24,7 milhões. De acordo com Altair Antonio de Souza, diretor-adjunto do Bradesco, o crescimento mais baixo em relação a outros bancos se deve à elevada base de comparação de 2011, quando a instituição ganhou as folhas de pagamento dos Estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco. “Só isso já aumentou o número de correntistas em 750 mil em 2011”, diz Souza. Segundo ele, o término do acordo com os Correios não gerou saída de correntistas. “Não tivemos nenhuma perda que não fosse a natural. Conseguimos manter nossa base.”

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